Na última semana o presidente eleito, Jair Messias Bolsonaro, assumiu protagonismo ao receber o embaixador da China, Lil Jinzhang, aqui no Brasil.

Reconhecido e comparado por ter personalidade semelhante ao presidente norte-americano, Donald Trump, a visita foi rodeada de incertezas.

Esta reunião teve também a participação do “guru” econômico e futuro Ministro da Economia, Paulo Guedes. De acordo com o G1, o diplomata chinês deixou a reunião sem declarar-se para a imprensa.

Bolsonaro afirmou que os negócios com a China podem aumentar, no entanto manteve a postura dura em relação aos interesses chineses, como já havia feito antes das eleições.

Sobre a possibilidade da China adquirir terras brasileiras para plantio, o presidente eleito pelo PSL afirmou:

“Todos os países podem comprar no Brasil, mas não comprar o Brasil”. disse Jair Bolsonaro em entrevista à Band, no dia 05/11.

“Vejo com muita preocupação a possibilidade de o Brasil vender terras agricultáveis (para outros países) porque eles vão matar o nosso agronegócio, seja a China, seja o país que for”, completou.

Tensão na China?

Desde 2003 o investimento da China referente ao Brasil representa US$ 54,1 bilhões, segundo o boletim do Ministério do Planejamento do mês passado (outubro).

Que os chineses fizeram investimentos bilionários no Brasil, isso não é segredo. Mas para isso continuar será necessário um posicionamento concreto daqui, ou seja, de Bolsonaro e sua equipe.

“Líderes de várias empresas chinesas estão preocupados. Não é que os negócios estão sendo afetados, eles simplesmente estão em compasso de espera.”, afirmou à Reuters o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang.

“Ninguém vai vir se não é bem-vindo. Os chineses estão cheios de dúvidas”, acrescentou Tang.

O que está em jogo?

Caso a resistência defensiva em relação aos investimentos agressivos dos chineses se confirme, a conclusão das obras da Comperj (Refinaria da Petrobras não concluída) pode ser afetada.

A empresa chinesa CNPC, que assumiria as responsabilidades da obra, pode recuar. A obra está paralisada desde 2014 decorrente das operações realizadas pela “Lava Jato”, guiada pelo futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro.

“O presidente eleito Bolsonaro deve entender que é muito melhor terminar o Comperj que deixar ele apodrecendo… tem de dar graças a Deus que chineses querem vir terminar”, disse Tang.

Bolsonaro acalmou os ânimos e incertezas que rondavam a imprensa. Disse que a China quer mesmo aumentar os negócios com o Brasil e finalizou assinalando o futuro das relações com o país.

“A conversa foi muito boa, protocolar num primeiro momento e depois aprofundamos em algumas coisas. Está na cara que a China quer aumentar negócios com Brasil. Não teremos nenhum problema com a China, pelo contrário, (o negócio) pode ser até ampliado”, disse o presidente eleito.

Interferência no Agro

O diplomata Chinês, Tang, adotou a neutralidade quando questionado sobre a possível fusão dos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente. A China é um dos principais compradores de derivados agrícolas do país

“A China tem uma política sagrada de não interferência nas políticas internas de nenhum país”, disse Tang.

Bolsonaro, no entanto, sinalizou que a fusão dos ministérios deve ser abandonada com a nomeação da atual deputada (DEM-MS) e presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, Tereza Cristina, como futura ministra da Agricultura.

Entenda a guerra comercial entre China e Estados Unidos aqui.

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Bibliografia:

http://www.planejamento.gov.br/noticias/planejamento-divulga-sexto-boletim-de-investimentos-chineses-no-bras

https://br.reuters.com/